Quando falamos de Japão no contexto Asia o mesmo não pode ser comparado a nenhum dos outros países, está muito a frente de qualquer um deles. Facilmente pode ser observado nas ruas a limpeza, a educação, a postura e presteza do povo japonês. A pontualidade e perfeito funcionamento das coisas torna esse um país bem diferenciado. Com uma extensão territorial pequena, porém colaborando fortemente nas atividades mundiais, sempre foi um país economicamente forte e parcialmente fechado dentro de sua cultura o que torna-o ainda mais diferente e interessante. É um país que esteve envolvido em grandes acontecimentos mundiais, como a 2ª Guerra Mundial, foi alvo de ataque da bomba atômica, atacou os Estados Unidos (Pearl Harbour), foi o foco econômico da região que estimulou a criação dos Tigres Asiáticos , tem até os dias de hoje produtos com qualidades indiscutíveis, ainda em atividade tem uma das máfias mais perigosas do mundo e sem contar toda a cultura milenar que os diferenciam de qualquer outro país no mundo.
A história do Japão é longa, interessante, marcante e muito intrigante. Recebeu tentativas massantes de influências chinesa, koreana e taiwanesa, reagiu a toda tentando manter sua própria caracteristica. Guarda até os dias de hoje enumeras tradições sendo um povo fechado e bem regionalista. As amizades são feitas no trabalho e conservadas por toda a vida, as mulheres casadas devem estar sempre a disposição para servir o marido. Os filhos saem de casa apenas para se casar, se sairem antes disso na tentativa de morar sozinho não são bem vistos pela sociedade. Os homens trabalham em média 15 horas por dia e nos finais de semana, quando não estão trabalhando, passam parte dele dormindo, tamanho é o cansaço e desgaste físico e mental da semana. O tempo para os filhos e a esposa não existe, não se dedicam a nada mais além do trabalho. Em função disso existe um grande número de divórcios quando o marido se aposenta, pois sem ter desenvolvido um hobbie para a aposentadoria os conflitos dentro de casa são constantes e quase sempre terminam na separação.
A cultura japonesa é bem interessante, certamente conhecemos muito pouco sobre esse país e seu povo, sobre os costumes e hábitos lá existentes. Qualquer leitura que se faça para conhecer ainda mais esse país será certamente muito valida e muito interessante, porém acredito não ter nada melhor que viver parte desse mundo estando lá dentro, podendo ver com seus próprios olhos, tocar cada um dos objetos como se estivessemos fazendo parte daquela história de anos e anos atrás. Essa foi uma grande oportunidade que tivemos e vamos tentar compartilhar ao máximo para que curtam também um pouco da história e beleza desse país.
As cidades que visitamos no Japão foram Tokyo e Kyoto, escolhemos esses destinos pela proximidade entre as cidade e também pelo fato de Kyoto ter sido a capital do país e conservar boa parte da história. Tokyo foi escolhido por ser atualmente a capital do Japão, por ser uma cidade moderna e também por conservar parte da história do país. Partindo de Hong Kong são aproximadamente 4 horas e 30 minutos até a capital Tokyo. Ao chegar no aeroporto de Narita pode ser observado que o país proporcionará ao turista muito conforto e segurança. O aeroporto internacional de Tokyo está a cerca de 65km do centro da cidade, o trajeto pode ser feito de táxi, não recomendado por ser extremamente caro, pode ser feito em ônibus especiais que tem parada nos principais hoteis internacionais, ou então de trem interligado a rede de metrô da cidade.
O trem foi a opção escolhida e depois de 1hora e 30minutos estavamos na estação central de Tokyo, um emaranhado de linhas de metrô, milhares de informações de direções a serem seguidas estavam a nossa frente sem que pudessemos ao menos absorver rapidamente aquele monte de letras e sinais japoneses. Com a ajuda de um mapa e com um pouco de senso de direção seguimos adiante a procura de um táxi. Como previsto estava lá a fila de táxis, com os carros impecavelmente limpos, motoristas usando terno e gravata, alguns deles de luvas brancas. O interior do carro todo forrado de tecido branco, a porta é aberta automaticamente pelo motorista, o passageiro não abre nem fecha a porta, tudo é feito pelo motorista, impecável. Nosso destino foi o hotel, descansariamos para o dia seguinte.
-- TOKYO --
26/09/07
Dia amanhecido, café tomado e prontos para nosso tour, saimos em direção ao Palácio Imperial. Todos os pontos visitados em Tokyo utilizamos o metrô, fácil de se locomover e bem mais barato que o táxi. Ao chegarmos na estação de embarque observamos sinalizações advertindo que alguns vagões do trem são reservados para mulheres, ou seja, proibido entrar homem naquele vagão. Normalmente os vagões são próximos a cabine de comando onde o condutor pode observar a entrada das pessoas e efetuar o controle, isso é para evitar que no horário de pico exista qualquer tipo de contato físico entre os sexos opostos. O Palácio Imperial atualmente é utilizado pelo primeiro ministro japonês, conserva muitas a história do país em relação ao Império, porém não está aberto a visitação, a vista é apenas externa.
Após o Palácio partimos para um santuário chamado MEIJI SHRINE, situado no interior de um imenso parque é um dos mais importantes santuários de Tokyo e foi construido em 1920, era frequentado e adorado pelo imperador Meiji e sua esposa Shoken. Foi destruido durante a segunda guerra e reconstruido em 1958 com recursos privados. Atualmente além do templo principal, existe um anexo onde são celebrados casamentos e benção de bêbes. Em todos os templos existe antes de chegar ao templo um tipo de uma pia com água corrente onde as pessoas lavam as mãos em sinal de respeito e para limpar as impurezas antes de rezarem. Nesse templo foi a primeira vez que vimos mulheres vestidas de quimonos mantendo ainda essa tradição.
No bairro de Harajuko, próximo ao templo de Meiji está uma das ruas mais diferentes de Tokyo, Takeshita-Dori. Nela podem ser vistos diferentes tipos de pessoas, modernas, punks, meninas vestidas de Elvis tocando violão, lojas de roupas com as últimas novidades para adolescentes, um verdadeiro mix de coisas e cores. Essa região se iniciou durante as olimpiadas de 1964 por estar perto da vila Olímpica, concentrava uma enorme quantidade de jovens de diferentes nacionalidades e atraiu os adolescentes de Tokyo para a região, sendo mantida até hoje.
Após caminharmos pela Takeshita-Dori chegamos em dos bairros mais charmosos de Tokyo chamado Omonte-Sando. Uma avenida arborizada, larga e cheia de lojas de griffes internacionais que marca a região como uma das mais frequentadas pelos poderosos do dinheiro, é um convite as compras.
O bairro de Shibuya foi o nosso destino seguinte, lá está localizado um dos cruzamentos mais movimentados do mundo, a quantidade de pessoas que atravessam a rua ao mesmo tempo é fantástica.
Subimos num café que ficava no 1º andar de um dos prédios da redondeza, de lá pudemos ficar observando aquele vai e vem de pessoas cruzando em todos os sentidos. Ao redor dessa área estão concentradas algumas lojas de departamento o que torna o bairro também atrativo para compras. Próximo a estação de metrô de Shibuya encontra-se a estátua de um cachorro chamado Hachiko, a homenagem foi feita pois diariamente o dono do cachorro pegava o metrô nessa estação, deixava seu cachorro para ir ao trabalho, na volta o cachorro o encontrava e juntos voltavam para casa. Infelizmente um dia seu dono faleceu e o cachorro permaneceu indo a estação diariamente por mais de uma década. Ainda nessa área é comum ver milhares de meninas vestidas com seus uniformes escolares, andando sempre em grupos e portando-se como meninas adolescentes, ou seja, muitos gritos.
Saindo de Shibuya partimos para outro bairro chamado Shinjuku onde o forte é a badalação da noite. É um bairro mais pesado, com casas noturnas bares e prostituição. Mas como todos tem o direito de rezar, encontramos um templo no meio daquela selva de pedra, chamado Hanazono Shrine foi construido na metade do século 17 nas tradicionais cores vermelho e branco. Enquanto apreciavamos o templo pudemos observar várias pessoas que paravam para rezar. Ainda nas redondezas do bairro passeamos por algumas ruelas com bares privativos onde apenas a advertência é de que estrangeiro não é bem vindo.São ruas bem estreitas com um bar ao lado do outro, todos com acesso fechado e nas ruas placas proibindo fotos ou filmagens.
Ao final, cansados de um dia de turismo retornamos ao nosso bairro para jantarmos. Escolhemos um pequeno restaurante, charmoso e que nos pegou pelo delicioso aroma de comida que se espalhava pela rua. Como na maioria dos restaurantes, tivemos que tirar os sapatos, sentamos na bancada e saboreamos deliciosos espetinhos feitos na grelha além de algumas doses de saquê. Fizemos amizade com um casal ao lado, ela japonesa, ele belga, batemos um papo gostoso por horas, estavamos curtindo muito. Ao final trocamos nossos e-mails e quando vimos o casal saiu tranquilamente pedalando pelas ruas de Tokyo, o que percebemos ser uma situação corriqueira na vida dos japoneses. De volta ao hotel, fomos descansar pois teriamos o dia seguinte pela frente.
27/09/07
Despertador, banho, cafézão da manhã e rua, partimos para mais um dia de turismo, curiosos para ver o que tinhamos programado partimos para o bairro de Asakusa, a primeira parada foi o templo de Senso-Ji. É um templo Budista e teve sua construção no ano de 645 D.C. quando dois pescadores trouxeram a estátua de Kannon, uma pequena Deusa de Ouro. Como boa parte do Japão o templo sofreu com a 2ª guerra e foi destruido, teve sua reconstrução anos após a guerra e hoje se tornou um dos mais populares templos de Tokyo, sendo visitado por milhares de turistas e pessoas locais todos os dias.Gigantesco esse templo engloba além da construção principal mais uma pagoda, um queimador de incensos, pequenos locais ao redor para rezar e uma rua extensa com um comércio de coisas orientais.
Do templo partimos para um dos vários museus existentes em Tokyo, o EDO Museu conta a história de Tokyo e foi o primeiro nome que a cidade recebeu em meados de 1600. Enquanto Kyoto era a capital do país Edo foi sendo popularizado e foi crescendo em função de návios que por lá chegavam. Desenvolveu o mercado da arte, como o teatro e trabalhos manuais. Ao redor do museu pode ser encontrado o grande teatro Kabuki, famoso e iniciado na era EDO; um grande ginásio de luta de Sumô também faz parte da área e muito frequentado e disputado pelos japoneses é quase impossível encontrar ingresso de última hora.
Ao entardecer fomos conhecer um bairro chamado Ginza que no período EDO foi uma área pantanosa, atraiu um mercado de prata no ano de 1612 e por lá muitos negócios foram feitos, porém durante um grande incêndio toda a área foi destruida. Durante o período do imperador Meiji o mesmo ordenou que o arquiteto Inglês Thomas Water reconstruisse a área, com isso o estilo existente no local passou a ser o europeu. Grandes galerias, redes de lojas de departamento como Mitsukoshi e Seibu, e griffes internacionais como Channel, Gucci, Apple e Sony se instalaram pela área e transformaram-a na maior área de compras de Tokyo.
Final do dia, jantar, fomos ao restaurante Tsukiji recomendado por amigos. Como era de se esperar, comemos um sushi delicioso dessa vez sem saquê, tudo fresco feito na hora e na sua frente.
28/09/07
Novo cafézão da manhã reforçado e rua, rumo ao parque Ueno onde mais templos e museus nos aguardavam. Chegando ao parque passeamos pelas principais atrações, uma pequena pagoda de 1967 é utilizada por budistas para rezar, visitamos o templo de Tosho-gu um dos poucos que sobreviveu desde a era EDO. Ainda dentro do complexo Ueno visitamos o Tokyo Nacional Museu onde conta a história dos costumes e tradições do Japão. Muitas porcelanas, vestimentas, e peças decorativas podem ser vistas, além de toda a parte de armaduras do exército japonês. Exposições de diferentes artes não japonesas também podem ser apreciadas.
Após visitarmos Ueno parque e o Tokyo museu partimos para conhecer o tão famoso mercado de peixe, Tsukiji Fish Market. Diariamente das 5 as 10 da manhã existe a comercialização dos peixes frescos feita entre pescadores e os restaurantes, o grande e esperado leilão é dos atuns e move grande parte da economia pesqueira da região. Após apreciar o leilão a grande atração passa ser então tomar café da manhã ou almoço nos restaurantes que estão ao redor do mercado, os quais servem peixe fresco comprado no próprio mercado. Além de fresco e delicioso é também bem mais barato que nos restaurantes da cidade, vale a pena conferir. Andando pela redondeza avistamos apenas um templo utilizado pelos pescadores e algumas portinholas de comércio, além claro dos restaurantes, nada mais de especial pôde ser observado.
Seguindo novamente recomendações, fomos jantar fora o restaurante escolhido chama-se Gonpachi, fica no bairro de Shibuya. Localizado no 14º andar a vista é bem bonita, mas apreciada apenas da recepção, ao entrarmos no restaurante um clima bem aconchegante e um cardápio váriado tornam o restaurante bem transado e diferente. O Jantar estava muito gostoso, porém ainda tinhamos que arrumar as malas para nossa ida à Kyoto no dia seguinte.